quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Os fatores que tornaram possível o surgimento da vida na terra. Somos sujeitos de sorte!

   


Acordamos, vamos para o trabalho, descansamos, aos finais de semana temos nossos momentos de lazer, e assim levamos a vida, com a maior naturalidade, como se nada tivesse acontecido, como se viver fosse óbvio. Mas o que realmente aconteceu? A vida é óbvia, isto é, tem que haver vida  necessariamente no universo? A investigação cientifica nos diz que somos muito mais sortudos do que pensamos.
   No post anterior, falamos sobre a vastidão do universo, que nossa estrela -  o sol  - é só uma dentre as bilhões que existem por aí e que nosso sistema planetário também não é o único. Mas, e quanto a vida, ela é corriqueira no universo, ou muito rara? Temos evidencias suficientes para acreditar que somos raros e que temos muita sorte de estarmos aqui.
   A verdade é que o universo é um lugar extremamente hostil, explosões de super novas, explosões de raios gama, buracos negros, são só alguns dos "monstros" que existem pelo espaço e podem aniquilar qualquer planeta numa fração de segundos, o universo é caótico, o meteorito que caiu na Russia na semana passada nos lembra o quanto somos vulneráveis a esse tipo de acidente cósmico. A vida na terra precisou de estabilidade para se desenvolver e se transformar nessa máquina biológica super complexa que somos hoje, essa relativa estabilidade se deve a uma série de condições favoráveis:
   1 - Nossa localização na Via Láctea é periférica, estamos numa área com relativa baixa densidade de estrelas, o que diminuí os ricos de alguma estrela muito grande explodir numa super nova ao nosso lado, o que certamente nos dizimaria em um instante, uma super nova é uma estrela com cerca de 10 masas solares que chega ao fim de sua vida e explode violentamente, evaporando tudo que está a uma certa distância.

   2 - A nossa estrela, o sol, é uma estrela relativamente "calma", algumas estrelas apresentam uma atividade solar muito maior, o que produz tempestades solares violentas, com grandes emissões de massa coronal, o que pode emitir uma radiação letal à qualquer forma de vida que esteja orbitando em volta dessa estrela.
   3 -  A terra tem um "escudo protetor", mais conhecido como campo magnético. O campo magnético nos protege dessas emissões de massa coronal emitidas pelo sol, a interação dessas partículas carregadas emitidas pelo sol, com o campo magnético terrestre, é o que gera os fenômenos conhecidos como aurora boreal e aurora austral. Sem o campo magnético, não estaríamos aqui. O campo magnético é produzido pelo ferro líquido em movimento no núcleo da terra.

   4 - A lua não serve só para inspirar os poetas e dar um toque romântico às noites dos casais, ela também é de extrema importância para a manutenção da vida na terra, sem ela, também não estaríamos aqui. Isso ocorre, pois, a lua é responsável pela estabilização do eixo terrestre através de sua atração gravitacional, sem a lua, o eixo variaria de uma maneira tão caótica, que as vezes um dos polos poderia estar virado para o sol, o que deixaria o clima maluco, num dia poderia estar 30 graus a baixo de zero e no outro 40 graus acima de zero, ou seja, um caos, sem chance de a vida complexa ter se desenvolvido num ambiente como esse e, consequentemente, você não estaria aqui. A hipótese mais aceita para explicar o surgimento da lua é o choque, há 4 bilhões de anos atrás, de um planeta do tamanho de marte com a terra, nesse choque, pedaços resultantes do impacto voaram para o espaço e passaram a orbitar a terra, com o decorrer do tempo esses pedaços foram se juntando para formar a lua. Os cientistas formularam essa hipótese baseados no estudo das rochas lunares, nesse estudo, constatou-se que a origem geológica da lua é a mesma que a da terra.
   5 - A terra apresenta uma atmosfera densa, sem ela, a vida também não poderia existir. Graças a essa atmosfera, a radiação solar é "filtrada", radiação essa que poderia ser letal para a vida. A atmosfera foi formada através da expulsão de gases feita pelos vulcões na terra primordial, a atração da gravidade terrestre foi suficiente para manter esses gases por aqui mesmo e formar a atmosfera, uma atmosfera radicalmente diferente da que existe hoje, naqueles tempos, ela era extremamente tóxica para organismos como o nosso, o motivo pelo qual ela nos é gentil hoje é a ação dos primeiros micro organismos terrestres que usavam esses elementos tóxicos como alimento e liberavam o oxigênio.
   6 - Um fator de extrema importância para o surgimento da vida, foi a existência de água líquida na superfície terrestre. A água líquida é um excelente solvente que permitiu as moléculas precursoras da vida entrarem em contato umas com as outras e darem inicio à reações químicas que formaram moléculas cada vez mais complexas. A água chegou na terra através de impactos de cometas com a mesma, os cometas são, nada mais nada menos, do que rochas cobertas por grande quantidade de gelo. Nos primórdios do sistema solar, o impacto da terra com esses cometas era corriqueiro, o que explica a grande quantidade de água que existe por aqui.
   7 -  A existência de água líquida na terra não se deve somente aos cometas, também se deve à distância que a terra se encontra do sol, se estivéssemos um pouco mais longe, toda a água congelaria, se estivéssemos um pouco mais perto, toda a água evaporaria. A terra fica no que os astrônomos chamam de zona habitável. A zona habitável é uma zona em volta do sol  que permite a existência de água no estado líquido e que as temperaturas são favoráveis ao surgimento da vida. No caso do nosso sistema solar, tanto a terra como marte se encontram na zona habitável, mas marte não possuí a série de características expostas anteriormente, por isso, provavelmente não exista vida por lá.


   8 - Na terra existem elementos que, até onde sabemos, são os únicos capazes de gerar vida, esses elementos são conhecidos pela sigla CHONPS(carbono, hidrogênio, oxigênio, nitrogênio, fósforo e enxofre), são os elementos que, essencialmente formam a vida tal como a conhecemos. 

    Esses são alguns dos fatores que contribuíram para o surgimento da vida na terra, mas a sua evolução e como ela chegou a seres complexos é uma outra história. Perceberam como é um golpe de sorte todos esses fatores estarem juntos num só lugar? Em um sistema solar ali do lado pode não haver nenhum planeta com essas condições, em outro do outro lado da galáxia também não, mas aqui no nosso, bingo! 
  Talvez existam muitos outros sistemas solares por aí que apresentam um planeta com todas essas condições, já achamos alguns poucos planetas com condições similares, mas tudo indica que o surgimento da vida não é tão comum assim e que a sua evolução gerando vida complexa deve ser mais raro ainda! Sem dúvida, somos sujeitos de sorte. Sobre a possibilidade da existência da vida noutros planetas e aonde os cientistas desconfiam que ela exista, será assunto para um dos próximos posts. Até lá!

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

O que significa esta imagem?

   Esta imagem é conhecida com o nome de Hubble Ultra Deep Field(campo ultra profundo do hubble), em homenagem ao astrônomo Edwin Hubble(1889 - 1953). Nesta imagem, há algo de extraordinário que pode mudar o modo como qualquer pessoa vê a si mesma e seus problemas, mas para que ela seja compreendida, é necessário saber de algumas coisas.
   Edwin Hubble foi um astrônomo estadunidense que, embora formado em direito, dedicou a maior parte de sua vida ao estudo da astrofísica e astronomia. Em 1923, Hubble fez uma descoberta assombrosa: A nossa galáxia, a Via Láctea, não era a única no universo. Alguns leitores podem não saber exatamente o que é uma galáxia, o que é muito comum. Uma galáxia é um conjunto de estrelas que, normalmente, orbitam em volta de um buraco negro super massivo, cada estrela é um sol, assim como o nosso, alguns maiores e mais quentes, outros menores e mais frios, o primeiro fato assustador desse post é: somente na nossa galáxia existem duzentos bilhões de sóis, em números é 200 000 000 000, um número tão enorme que não conseguimos entender seu real significado, nosso cérebro não evoluiu para lhe dar com números tão grandes. Se você pensou que em cada um desses sóis podem haver planetas orbitando, está certo. Na maioria desses sóis existem planetas orbitando-os. Agora, se você pensou que em cada um desses inúmeros planetas há a possibilidade de haver vida, também está certo, mas isso depende de algumas variáveis, o que será assunto do próximo post.
   Até meados de 1923 pensava-se que a nossa galáxia era a única no universo, hubble fez uma descoberta chocante, ainda mais pelo fato de que a primeira galáxia descoberta por ele, Andrômeda, ser muito maior do que a nossa Via Láctea, havendo nela outras bilhões de estrelas. Em 1990, a NASA lançou em órbita o telescópio espacial Hubble, com o objetivo de estudar o cosmo sem a interferência gerada pela atmosfera da terra. Durante anos o Hubble nos trouxe imagens fantásticas do universo, algumas dessas imagens podem ser vistas aqui, mas no período de 3 de setembro de 2003 a 16 de janeiro de 2004, o Hubble coletou uma série de dados que foram usados para formar a imagem conhecida como Hubble Ultra Deep Field, essa imagem compreende uma pequena porção do céu, cerca de um décimo da lua vista da terra, mas o que surgiu na tela mudou completamente a forma como nos enxergamos perante o cosmo. Nesta imagem, cada pontinho, cada pequeno borrão, é uma galáxia inteira. Sim, cada uma dessas galáxias contém bilhões de estrelas, só nessa imagem há cerca de 10.000 galáxias, mas o universo observável contém 600 bilhões de galáxias. Assombroso, não?
  Essa imagem nos faz refletir sobre nosso verdadeiro papel existencial, somos diminutos se comparados ao universo, para ele, tanto faz estarmos aqui ou não, ele nos é indiferente. Mas isso não é motivo para uma crise existencial, pelo contrário, é motivo para nos sentirmos deslumbrados com o fato de existirmos e termos a oportunidade de desfrutar da vida que, até onde sabemos, só existe por aqui, e apesar do fato de o universo ser tão imenso, aqui é a nossa única casa.
 
 

Um olhar do universo sobre si mesmo.

   Nós, seres humanos, somos a única espécie nesse planeta capaz de olhar para o mundo e se perguntar: De onde veio tudo isso? Foi criado por algo? Surgiu do nada? Quais são seus constituintes? Como chegamos até aqui? O que há lá fora?
   Todas essas perguntas nos intrigam durante milênios e, com essa curiosidade, embarcamos numa viagem de descobertas e realizações que nos trouxe à esse conturbado mundo em que vivemos hoje. A ciência é o empreendimento humano com maior impacto em nossas vidas, seus resultados estão em todos os lugares: nos edifícios, nos meios como nos locomovemos e nos comunicamos e na forma como vemos o mundo ao nosso redor. Através da ciência, somos capazes de dar a volta ao mundo em questão de horas, ir ao espaço, mandar robôs à outros planetas, tirar fotos de bilhões de anos luz de distância e deslumbrar o quão vasto e misterioso é o universo em que vivemos.
   Mas no nosso quotidiano, estamos sob pressões sociais, psicológicas, biológicas que nos levam a gastar nossas energias na sobrevivência, esquecendo durante boa parte de nossas vidas, alguns durante toda a vida, o que realmente somos. Nós, como todas as criaturas que conhecemos, fazemos parte desse universo, os átomos que constituem nossos corpos foram forjados no centro de estrelas a bilhões de anos atrás. Nós somos o universo. Como somos a única criatura conhecida capaz de formular questões existenciais e, ao menos em parte, responde -las, sendo assim, nós somos o próprio universo consciente e capaz de investigar a si próprio, somos o universo olhando para si e tentando defini-lo, descobrir seus mistérios, sua origem, formar um olhar do universo sobre si mesmo.
   Esse blog é dedicado ao conhecimento produzido pela humanidade, a esse olhar do universo consciente sobre todos os aspectos da existência, desde a filosofia até a ciência, aqui pode ser encontrado um pouco de reflexão sobre o que somos e o quão belo é o mistério.